quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Um Deus de Princípios


“Da casa de Abinadabe levaram a arca de Deus num carroção novo, conduzido por Uzá e Aiô. Davi e todos os israelitas iam dançando e cantando com todo o vigor diante de Deus, ao som de harpas, liras, tamborins, címbalos e cornetas. Quando chegaram à eira de Quidom, Uzá esticou o braço e segurou a arca, porque os bois haviam tropeçado. A ira do Senhor acendeu-se contra Uzá, e ele o feriu por ter tocado na arca. Uzá morreu ali mesmo, diante de Deus Davi ficou contrariado porque o Senhor, em sua ira, havia fulminado Uzá. Até hoje aquele lugar é chamado Perez-Uzá. Naquele dia Davi teve medo de Deus e se perguntou: – Como vou conseguir levar a arca de Deus? Por isso desistiu de trazer a arca para a cidade de Davi. Em vez disso, levou-a para a casa de Obede-Edom, de Gate. A arca de Deus ficou na casa dele por três meses, e o Senhor abençoou sua família e tudo o que possuía.”

1 Crônicas 13: 1-14

A arca da Aliança representava a presença, a proteção e a justiça de Deus. Era símbolo também de poder, pois os israelitas acreditavam que enquanto tivessem posse da arca, mal nenhum lhes sucederia e os inimigos lhes seriam sujeitos.

A arca foi adiante do povo em muitos momentos significativos,: na travessia do Jordão ( Js 3: 1-5) e em várias pelejas como na conquista de Jericó ( Js 6:6-13); na renovação da aliança entre o povo e Deus (Js 8:33).

Acredita-se que a arca foi perdida na destruição de Jerusalém pelos babilônicos em 587 a.c. Não havia arca no Segundo Templo.

O texto de abertura nos fala dos preparativos de Davi e do povo para trazerem a arca da Aliança para Jerusalém. Por quase oitenta anos, ela tinha permanecido em Gibeá ou Quiriate-Jearim. Ajudado por 30.000 homens e por cuidadosos preparativos nacionais: um grande cortejo, música e alegria, fora o carro novo; tudo feito com esmero e dedicação para celebração de um momento tão importante.

Contudo, durante o trajeto, algo aconteceu. A palavra de Deus nos conta que…” Uzá tentando proteger a arca, toca-a, pois os bois tropeçaram e é fulminado pela ira do Senhor, fato que traz tristeza ao coração de Davi, a ponto de ele desistir do cortejo e decidir deixar a arca na casa de Obed-Edom.

Há muita perplexidade em relação a esse fato: Qual foi a falta tão grave praticada por Uzá? Sua intenção talvez fosse instintiva: proteger a arca da queda. Para uma ação tão digna, por que uma reação tão dura da parte de Deus, ceifando a vida daquele homem?

Uzá morreu porque Deus reafirmava ao povo que é um Deus de princípios imutáveis.

Princípio= causa primária; base; razão maior; norma fundamental de conduta (minidicionário Sacconi).

Além da ordenança para a confecção da arca, Deus estabeleceu vários princípios que norteariam o contato do povo com a mesma: Deveria ser colocada no santuário, no lugar santíssimo. Era vista apenas uma vez por ano quando o sumo sacerdote entrava para fazer o sacrifício pelos pecados da nação; Quando o povo tinha que partir, ou seja, levantar-se acampamento, os sacerdotes cobriam a arca com o véu, peles finas de animais e depois um pano azul. Só, então, os coatitas, levitas encarregados dos utensílios do santuário, colocavam os varais e a carregavam aos ombros, sem contato físico nenhum com o material de sua estrutura. ( Nm4:25).

Uzá morreu porque quebrou um princípio estabelecido por Deus; não poderia haver contato de homens com a arca da Aliança, que simbologicamente representava a presença de Deus. Davi desprezou os princípios, quando construiu um carro e quando não deixou a cargo de levitas o transporte da arca, tal qual Deus estabelecera para que assim fosse.

Quando quebramos princípios, bênçãos são adiadas ou talvez, maldição venha a caminho.

Muitas vezes temos agido com muita boa vontade, desejo de agradar, de servir, de ser útil e até mesmo com grande sacrifício e renúncias. Mas temos que observar se em nossa atitude, nenhum princípio divino está sendo quebrado, se alguma norma fundamental de conduta não foi relegada a segundo plano, se alguma razão maior não foi ofuscada para que os intuitos do ego humano prevalecessem.

Existe um adágio popular que diz: “De boas intenções o inferno está cheio”.

Com que freqüência temos observado se os princípios basilares e imutáveis de Deus são práxis em nossa vida? Não adianta o jeitinho que eu der, Deus continuará a exigi-los de mim.

Deus é soberano – Esse é o grande princípio norteador do cristão. O texto do livro de Daniel 4: 37 expressa muito bem essa soberania: “ Agora eu, Nabucodonozor, louvo, exalto e glorifico o Rei dos céus, porque tudo o que Ele faz é certo, e todos os seus caminhos são justos. E Ele tem poder para humilhar aqueles que vivem com arrogância.”

Reconhecer o princípio da soberania é observar também a obediência, a autoridade e a mordomia. Às vezes somos participativos, somos eficientes no evangelismo, mas não obedecemos às autoridades constituídas, não as reconhecemos como autoridades de Deus e não as honramos como lideranças delegadas.

Hb 13:17 “ Obedeçam aos seus líderes e submetam-se à autoridades deles. Eles cuidam de vocês como quem deve prestar contas. Obedeçam-lhes, para que o trabalho deles seja uma alegria e não um peso, pois isso não seria proveitoso para vocês.”

Ofertamos com fidelidade para o Reino, mas consideramos os bens que Deus tem nos dado como posses próprias e não reconhecemos que fomos colocados como mordomos para cuidar bem das coisas e interesses de nosso Senhor e Rei.

Rm 11:36 “Pois dele, por ele e para ele são todas as coisas. A Ele seja a glória para sempre! Amém.

Um dos princípios que tem sido quebrado com grande freqüência é o princípio de caráter. Esse princípio traz consigo a verdade, a integridade a honestidade, a justiça, a transparência, o domínio próprio (auto-governo). Às vezes somos capazes de empreender grandes projetos sociais, mas incapazes de guardar um segredo, de sermos imparciais em questões com pessoas do nosso relacionamento direto. Ainda mentimos. Ainda reagimos com violência quando ofendidos ou perseguidos. O desejo de Deus é formar a imagem e a natureza de Jesus dentro do cristão e às vezes isso acontece com pressões, com conflitos e com confrontos.

Rm 13:13-14 “Comportemo-nos em decência, como quem age à luz do dia, não em orgias e bebedeiras, não em imoralidade sexual e depravação, não em desavença e inveja. Ao contrário, revistam-se do Senhor Jesus Cristo e não fiquem premeditando como satisfazer os desejos da carne”.

Precisamos observar os princípios para que a presença de Deus permaneça em nós.

Deus não muda, nem quebra seus princípios.

O que dizer então quando sabemos que alguém entra na presença de Deus para louvar, para pregar a palavra estando em pecado e não é fulminado por Deus, como nos tempos do Antigo Testamento?

O que acontece hoje, é que a nossa arca real, Jesus Cristo renova constantemente suas misericórdias sobre nós e a cada novo amanhecer, Ele credita a nós novas oportunidades de conserto e de mudança de vida. Sua mão estendida e seu sorriso aberto nos esperam como filhos pródigos, cujo Pai anseia pelo retorno de seu filho. Cada dia é uma nova oportunidade de recomeço com Deus. Uzá não teve esse privilégio.

Jesus não mudou os princípios, apenas os aperfeiçoou.

Quando decidimos conduzir a nossa vida e tomar as decisões sempre de acordo com os princípios e ensinamentos de Deus, Ele nos abençoará. Tudo começa pela nossa decisão de seguirmos a Jesus, presença e glória de Deus entre os homens, e de servirmos na Igreja, presença de Deus na terra.

Todas as nossas ações, projetos e motivações devem estar respaldadas na razão maior de todas as coisas: agradar a Deus e buscar a sua santidade espelhada no viver de Cristo.

1Pe 1:15-16 “ Mas, assim como é santo aquele que os chamou, sejam santos vocês também em tudo que fizerem, pois está escrito:” Sejam santos porque eu sou santo”.

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